Origem: O Jogo da Bocha é considerado um dos mais
antigos do mundo, havendo indícios de que ele tenha sido praticado no
Egito e na Grécia antiga. Há controvérsias quanto à sua origem. Alguns
consideram suas raízes italianas, tendo a bocha sido a primeira
organização formada em Turim, em 1888, com um primeiro campeonato
realizado em Gênova, em 1951. Segundo a Federação Paulista de Bocha e
Bolão, os latinos a propagaram extensivamente durante a Idade Média,
tendo sido mais tarde, proibida sua prática, pelo então Patriarca de
Veneza em 1576. Posteriormente, o jogo foi fomentado na Corte de
Elizabeth I da Inglaterra e, mais tarde, imitado na Itália. A Federação
de São Paulo noticia que o jogo foi difundido no mundo por influência
dos povos francês e italiano. Na Itália, a primeira organização
esportiva do Jogo da Bocha foi fundada no dia 4/11/1877, na cidade de
Rivoli, com a denominação de “União do Piemonte” (Almanaque Correio do
Povo, 1976: 152). Em resumo, o Jogo da Bocha tem sido um dos traços
culturais da comunidade italiana.
A emergência do Jogo da Bocha, no Rio Grande do Sul, está relacionada
à chegada dos primeiros imigrantes italianos, em fins do século XIX. Em
Porto Alegre, a comunidade italiana totalizava 10% da população, cerca
de 6.000, em 1893 (Constantino, 1994: 94). Esta comunidade se reunia nos
finais de semana, após a missa (igreja católica), para praticar o Jogo
da Bocha, que representava uma das principais atividades de lazer dos
homens. No princípio, o jogo era realizado com marmelos, fruta típica da
região da serra do Rio Grande do Sul, cujo aspecto é semelhante à bocha
(Ampessan, 2000). Hoje, esse Estado constitui a região do Brasil em que
a Bocha tem mais destaque, embora este esporte possa ser considerado
como parte da cultura de todo o sul do país, tendo portanto uma prática
difusa e ligada às tradições comunitárias locais.
Final do Século XIX: Os imigrantes italianos
fundaram, em algumas cidades do Rio Grande do Sul, as Societàs
italianas, nas quais foi institucionalizado a prática do Jogo da Bocha:
Bagé (Società Italiana di Soccorso Mutuo e Beneficenza, em 01/01/ 1871);
Pelotas (Società Italiana Unione e Filantropia, em 1873); Santana do
Livramento e Rivera (Società Italiana di Mutuo Soccorso, Unione e
Benevolenza, em 07/5/1876); Porto Alegre (Società di Mutuo Soccorso e
Benevolenza, em 10/7/1877); Santa Vitória do Palmar (Società
Benevolenza, em 1879); Rio Grande (Società. Italiana di Soccorso Mutuo,
em 1884); Caxias do Sul (Società Italiana di Mutuo Soccorso di Caxias,
em 11/11/1887); Rosário do Sul (Società Italiana de Bocha Gugliermo
Marconi, final do século XIX); Santa Maria (Società Italiana di Soccorso
Mutuo, em 1892). De acordo com Constantino (1994: 94), desde a década
de 1870 existiam associações italianas em Uruguaiana e Alegrete. Estas
sociedades, além de prestarem um serviço de ajuda mútua aos imigrantes
italianos, também promoviam o ensino e a difusão da cultura italiana
(Licht, 1992).
Início do Século XX: O Jogo da Bocha era praticado
no Brasil sobretudo em festas religiosas, nas zonas de colonização
italiana: São Paulo, sul de Minas Gerais, pequenas comunidades do
Espírito Santo e Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Neste último estado ocorre a expansão do jogo por meio da fundação
de associações esportivas identificadas com a comunidade italiana
(descendentes atuais no país: 25 milhões).
1915: Em 05 de março deste período, é fundada a
Sociedade Gondoleiros no populoso Bairro São João, em Porto Alegre. Além
da bocha, a sociedade desenvolveu outros esportes como o Tênis, bolão,
judô, futebol de salão e patinagem (Licht, 1992). Os fundadores foram:
“Oscar Hampe, Francisco Düring, Oscar Ansolch, Antonio Brayer, Walter
Sperb, Domingos Vergona, José Sanguineti, José Viana, Antonio Genta,
Alfredo da Fonseca, Alberto Marques, Ulysses Pinto, André Rumi, Américo
Telini, Manoel Silveira, José Manganelli, Hermenegildo Silveira, Carlos
Jostes, Luiz de Batim, Emilio da Silva Pinto, Leonel Candido, Jacob
Ferrantino, Salvador Vigna, Oriovaldo de Oliveira, Hostiano Gomes,
Sebastião Vargas, Antonio Soares da Fonseca, Hugo Garcia, Caetano
Garrafiel e Ataliba Cunha” (Daudt, 1952: 111).
1927: Em 06 de dezembro, é fundada a Sociedade União
Vila Nova pelos imigrantes italianos e seus descendentes, no Parque
Monteggia Vila Nova, em Porto Alegre. Os esportes principais eram a
Bocha e o Futebol (Amaro Júnior, 1942).
Década de 1930: Neste período, o Jogo da Bocha foi
trazido para a América do Sul como um esporte institucionalizado, com
base inicial na Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo oficializada com a
fundação da Federação Argentina de Bochas. Conforme De Boni (1994: 99),
no período compreendido entre 1875-1935, aproximadamente 1,5 milhões de
italianos entraram no Brasil e cerca de 100 mil instalaram-se no Rio
Grande do Sul. Neste estado, o Jogo da Bocha expandiu-se, sendo fundadas
as seguintes associações especializadas em Porto Alegre: Club de Bocia
Caminho do Meio (Club Sportivo Caminho do Meio), em 02/12/ 1930 (sede na
Rua São Manoel nº 556); Círculo Operário Ferroviário do Rio Grande do
Sul, em 22/9/1937 (sede na Avenida Farrapos nº 146, sala 44); Club de
Bocias Central, em 02/02/1938 (localizado inicialmente na Rua Beiruth
com a Travessa Simão Kappel, depois mudou para a Travessa São José nº
430, no Bairro Navegantes, em Porto Alegre), cujos fundadores foram José
Groff; Tenente Nicacio Gomes; Julio Lima; Tenente João Amaral; Bruno
Swoboda (Brasil, 1977: 364). No final da década, a maioria das “Società
Italiana” encerrou suas atividades sociais, culturais, filantrópicas e
esportivas ou foram encampadas por outras associações desportivas, em
razão da chamada Lei da Nacionalização – Decreto-Lei nº 868 de 18/11/
1938 (Licht, 1992). A prática do Jogo da Bocha sofreu um forte impacto,
tendo em vista o controle do governo exercido sobre as associações
esportivas.
Década de 1940: No Brasil, este jogo foi reconhecido
como esporte pela Confederação Brasileira de Desportos-CBD, em 1943.
Foi então fundada a Confederação Sul-Americana de Bocha, e organizado o I
Campeonato Sul-Americano Masculino em Buenos Aires, na Argentina, em
1944. Além da Argentina, participaram representantes do Paraguai e
Uruguai. O Brasil não participou porque ainda não era filiado (Ampessan,
2000). A primeira entidade municipal do Estado do Rio Grande do Sul, a
Associação Porto Alegrense de Bocha, cujo primeiro presidente foi
Anselmo Manzoli Filho, foi organizada em 09/04/1942. Esta entidade
extingui-se dois anos depois (04/04/1944) e, na mesma data, foi criada a
Federação Rio-Grandense de Bocha, em cumprimento ao Decreto- Lei nº
3.199/1941 (ato que organizou o esporte brasileiro). As associações
fundadoras foram: Grêmio Esportivo Teresópolis de Bocha, Clube de Bocha
Central, Sociedade União Vila Nova, Esporte Clube São José, Grêmio
Esportivo Renner, Ipiranga Futebol Clube, Grêmio Esportivo Gaúcho,
Associação Desportiva Inca, Sociedade Gondoleiros, Clube Esportivo
Caminho do Meio. A primeira diretoria da Federação foi composta por:
“Antonio Joaquim Mesquita (presidente), João Eugênio Haussen
(vice-presidente), Atílio José Rapone (2º vice-presidente), Hugo Schmith
(secretário geral), Valdemar Aita (secretário adjunto), Oswaldo Dias da
Costa (tesoureiro), Alcibíades Ferreira bastos (tesoureiro), Oldrado
Ramos, Alberto Montego e Euribiades Gomes (membros do Conselho Fiscal)”
(Daudt, 1952: 187).
A Federação Rio-Grandense de Bocha promoveu vários campeonatos em
Porto Alegre. No I Campeonato de Bocha de Porto Alegre, realizado em
1944, participaram dez clubes: Clube Esportivo Caminho do Meio, Clube de
Bochas Central, Clube Bochófilo Navegantes, Sociedade Gondoleiros,
Esporte Clube Ipiranga, Sociedade União Vila Nova, Grêmio Esportivo
Bento Gonçalves, Clube Independente e Clube Teresópolis. Sagrou-se
campeão o Clube de Bocha Central, vice-campeão, o Clube Esportivo
Caminho do Meio e em terceiro lugar, o Grêmio Esportivo Renner. O I
Campeonato Estadual de Bocha foi realizado em 1945, em Porto Alegre, no
qual sagrou-se campeão, o Clube de Bocha Central e vice-campeão, a
Sociedade Caxiense de Bochas. Neste ano, foi fundado o Clube Bochófilo
Navegantes (01/11/1945), em Porto Alegre. Em 1946, o campeão e
vice-campeão do Campeonato Estadual de Bocha foram, respectivamente,
Clube Esportivo Caminho do Meio e Sociedade Caxiense de Bocha.
Participaram do Campeonato Estadual as seguintes associações: Grêmio
Esportivo Mauá (Bento Gonçalves), Clube Esportivo Caminho do Meio (Porto
Alegre) e Sociedade Caxiense de Bocha (Caxias do Sul), que até 1952 era
a única associação de Bocha filiada à Federação. Além de conquistar o
Campeonato Estadual, o Clube Esportivo Caminho do Meio de Porto Alegre,
conquistou o tricampeonato de Bocha no Campeonato de Porto Alegre. No
Campeonato Estadual realizado em 1947, a Sociedade Caxiense de Bochas
foi campeã e o Clube Esportivo Caminho do Meio foi vice-campeão. Em
15/02/1948 foi fundada em Porto Alegre a Sociedade de Bocha Rio Branco. A
década de 1940 apresenta a maior freqüência de reportagens sobre a
Bocha, nos principais jornais porto-alegrenses, em relação às décadas de
1950 e 1960 (Silva, 1997: 68).
Década de 1950: O Brasil se filiou à Confederação
Sul-Americana de Bochas, participando do IV Campeonato realizado na
Argentina por esta entidade, em 1950. Até então, nos jogos brasileiros a
regra praticada era o “ponto” e “bota”. A partir da filiação foram
adotadas as regras oficiais, permanecendo as regras não oficiais somente
em jogos de caráter recreativo. Em 1951 foi realizado o I Campeonato
Mundial Masculino de Bocha, em Gênova (Itália), mas o Brasil não
participou. No ano seguinte a CDB promoveu o V Campeonato Sul-Americano,
em São Paulo. Em 1957, o Brasil participou do II Campeonato Mundial de
Bocha, realizado em Montevidéo (Uruguai). No Rio Grande do Sul, assumiu o
novo presidente na Federação Rio-Grandense de Bocha, Oswaldo Rosa da
Costa, em 1951. Em 1952, assumiu a presidência da Federação
Rio-Grandense de Bocha, Potiguara Freire, que permaneceu até 1962. No
período de 1953 a 1959, foram criadas várias ligas de Bocha no interior
do Rio Grande do Sul: Liga Santanense de Bochas (Santana do Livramento,
07/09/1953), Liga Caxiense de Bocha (Caxias do Sul, 14/12/1959), Liga
Santamariense de Bocha (Santa Maria, 31/03/1959). Também surgiram
algumas sociedades no interior do Estado: Sociedade Bochófila Pratense
(Nova Prata, 24/ 06/1952) e Sociedade Bochófila Rio Branco (Nova Prata,
01/03/ 1959). Em Porto Alegre eram realizados campeonatos com a
participação das equipas locais como: Grêmio Esportivo Renner,
Neugebauer e Zivi (Macchi Jr, 1955: 36).
Década de 1960: No Brasil, foi realizado o I
Campeonato Brasileiro Masculino de Bocha, em 1964, na cidade de São
Paulo, com a participação do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais. Sagrou-se campeão o Estado do Rio Grande do Sul,
e São Paulo foi vice-campeão. Em 1966, teve início a participação
feminina na prática deste esporte, culminando na criação de um
departamento feminino pela Federação Paulista e a realização do I
Torneio Misto de Bocha. Em 1968 foi realizado o II Campeonato Brasileiro
de Bocha. No Rio Grande do Sul, a presidência da Federação
Rio-Grandense de Bocha foi ocupada por Antenor Lopes dos Reis, em 1963. O
ex-presidente Oswaldo Rosa da Costa retornou para ocupar a presidência
no período de 1964 a 1966. No ano de 1967, assumiu a presidência Pery
Soares de Souza.
Foram organizadas novas associações de Bocha nas praças e centros de
comunidade de Porto Alegre: Associação dos Moradores da Vila Elizabete e
Parque – AMVEP, em 1962; Associação dos Moradores e Amigos da Vila
Jardim – Vila Jardim, em 1962; e Associação Jardim Barão do Cahy – Barão
do Cahy, em 1969. Neste último ano, no Estado do Rio Grande do Sul
havia 7.563 desportistas praticantes de Bocha, sendo 7.403 do sexo
masculino e 209 “menores”, em 1969 (DaCosta, 1971: 209).
Década de 1970: No Brasil foi realizado o III
Campeonato Brasileiro de Bocha, em 1971 e no ano seguinte o IV
Campeonato Brasileiro. Em 1975, as regras não oficiais, ainda amplamente
utilizadas, geraram a modalidade “Pontobol”, “Rafa” ou jogo livre,
sendo então implantada oficialmente pela Confederação Brasileira de
Desportos – CBD. No Brasil, esta modalidade é praticada apenas nos
estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Em 1978, o Brasil conquistou o título de campeão sul-americano. No
ano seguinte, a Confederação Brasileira de Desportos deixou de dirigir
os esportes não olímpicos, sendo criada em sua substituição a
Confederação Brasileira de Desportos Terrestres-CBDT. No Rio Grande do
Sul, em 1971, assumiu a presidência da Federação Rio-Grandense de Bocha,
Edgar Christmann. Neste mesmo ano, a Associação Leopoldina Juvenil, uma
sociedade fundada pelos imigrantes alemães, inaugurou suas canchas
oficiais de Bocha.
O ex-presidente da Federação Rio-Grandense de Bocha, Pery Soares de
Souza voltou a ocupar a presidência em 1972. Seu intenso trabalho junto a
esta Federação rendeu-lhe o título de patrono da Bocha do Rio Grande do
Sul. Em 1974, Edgar Christmann, novamente ocupou o cargo de presidente
(até 1978). Foram organizadas novas ligas de Bocha no interior do
Estado: Liga Passofundense de Bochas (Passo Fundo, 26/02/1972), Liga
Alegretense de Bocha (Alegrete, 22/07/1974), Clube de Bochas Avenida
(Carlos Barbosa, 01/10/1975). O Primeiro Campeonato Estadual Juvenil de
Bocha de Porto Alegre, cujo campeão foi o Clube Independente e
vice-campeão, o Clube de Atiradores Santamariense foi realizado em 1977.
Foram fundadas várias associações de Bocha pelas comunidades de Porto
Alegre: Centro Comunitário – COINMA (1971); Associação dos Moradores
Passo da Mangueira – AMVIPAM (1971); Associação dos Servidores DEMHAB –
Departamento Municipal de Habitação (1972); Associação dos Moradores de
Conjunto Residencial – Protásio Alves (1972); Recanto da Velha Guarda em
28/12/1976 (atual Sociedade Esportiva Recanto da Alegria – SOERAL);
Associação Comunitária Parque dos Maias – Parque dos Maias (1978) (dados
fornecidos pela SME/PMPA, 2003).
Década de 1980: Neste período, no Rio Grande do Sul,
a Federação de Bocha, possuía 191 clubes filiados por intermédio das
ligas, 16 clubes de Porto Alegre diretamente filiados, e 85 clubes do
interior filiados, totalizando 292 clubes filiados e a inscrição de
12.580 atletas.
As mulheres participaram pela primeira vez, oficialmente, do Jogo da
Bocha em caráter de demonstração visando sua participação nos
campeonatos, em 1983. O I campeonato Sul-Americano Feminino de Bocha,
aconteceu em São Caetano do Sul (São Paulo), em 1987. Também foi
realizado neste ano o I Campeonato Brasileiro Feminino de Bocha, com a
participação de cinco Estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina, sendo vencedora a equipe de São
Paulo. Em Porto Alegre foi realizado o I Campeonato Feminino de Bocha,
em 1988, cuja classificação foi Glória Tênis Clube (1º lugar), AMVIPAM
(2º lugar), CTG Tiaraju (3º lugar), Rio Branco e Progresso (4º lugar). A
primeira tentativa para transformar a Bocha em esporte olímpico ocorreu
durante a realização do Campeonato Mundial na Itália, em 1989. Os
dirigentes esportivos da Confederação Brasileira de Desportos Terrestres
(atual Confederação de Bocha e Bolão), Nelson Nogarolli (presidente), e
Adão Gomes dos Santos (vice-presidente) participaram do encontro com
dirigentes europeus para discutir o assunto. Com o falecimento do
vice-presidente e o pedido de demissão do presidente da CBDT, as
propostas não foram encaminhadas (Ampessan, 2000).
Década de 1990: Foi instalada a Confederação
Brasileira de Bocha e Bolão, cujo primeiro presidente foi Victorio
Pellicari, em 4/5/1991. Em 1992, foi criada a Confederação Paulista de
Bocha, com sede em São Paulo, que passa então a ser responsável pela
administração e organização dos eventos, em 1992. Realizado o Campeonato
Mundial de Bocha, na cidade de Garibaldi (Rio Grande do Sul), em 1998,
no qual o Brasil conquistou o primeiro lugar. Neste mesmo ano aconteceu o
Campeonato Mundial de Seleções em Erechim (Rio Grande do Sul) como
também o Primeiro Campeonato Brasileiro de Bocha Rafa.
Este período foi um marco para a Federação Rio Grandense de Bocha,
que contabilizou aproximadamente 40 ligas, 310 clubes e 11.600 atletas
filiados, sendo 10.000 homens e 1.600 mulheres, sem contabilizar os
praticantes de cancha de rua (Achilles Ampessan, entrevista em
11/11/2003). As cidades onde a bocha se destacou foram Santa Maria, que
tinha a maior liga de clubes, São Sepé, Uruguaiana e Alegrete. Nos Jogos
Intermunicipais do Rio Grande do Sul (JIRGS), as competições de bocha
(categoria masculino e feminino) integraram a programação em 1991
(Licht, 1992). Em 1992, foi fundada em Porto Alegre a Società Taliana
Massolin di Fiori, visando promover a prática do Jogo da Bocha, além do
ensino da língua italiana e outros aspectos desta cultura.
A Associação Leopoldina Juvenil construiu uma segunda cancha de Bocha
e “instalações propícias para a realização de campeonatos com a
participação de equipes visitantes, em 1996. Jantares ou churrascos a
moda gaúcha, costumam encerrar as disputas” (Teixeira, 2001: 94). As
quatro equipes oficiais da Sociedade são: Coringa, Faísca, Veteranos e
Amizade. O Jogo da Bocha expandiu-se nos centros de comunidade e praças
de Porto Alegre: Associação Esportiva Bochófila Chácara das Pedras –
Chácara das Pedras (1990); Centro Comunitário Parque Madepinho – CECOPAM
(1991); Centro Esportivo Recreativo Correio do Povo – CERCOP (1992);
Departamento de Bocha da Praça Piratini – Piratini (1992); Liga de Bocha
– INTERCAP (1992); e Associação de Bom Jesus – Bom Jesus (1994);
Associação Cristo Redentor – ASSERCRIR (1996).
2000-2002: O Estado do Rio Grande do Sul totalizava,
aproximadamente, 25 ligas de Bocha, 190 clubes filiados e 6.000
atletas, em 2000. A queda de clubes filiados e ligas em relação à década
anterior foi justificada em razão do empobrecimento dos clubes (Telmo
Bonatto Tonhi, entrevista em 06/11/2003 ). Os municípios do Rio Grande
do Sul com número expressivo de atletas eram: Porto Alegre: 995 atletas,
sendo 819 do sexo masculino (M) e 176 do sexo feminino (F); Santa
Maria: 631 atletas, sendo 510 M e 121 F; Garibaldi: 469 atletas M;
Caxias do Sul: 277 atletas, sendo 225 M e 52 F; Cachoeira do Sul: 268
atletas, sendo 198 M e 70 F; Sobradinho: 268 atletas, sendo 263 M e 5 F;
São Borja: 266 atletas, sendo 190 M e 76 F; Nova Prata: 245 atletas M;
Veranópolis: 198 atletas M; Faxinal do Soturno: 175 atletas, sendo 159 M
e 16 F; Passo Fundo: 148 atletas, sendo 93 M e 55 F; Erechim:132
atletas, sendo 107 M e 25 F (Ampessan, 2000: 17). A tradição do jogo da
Bocha no Estado foi um dos fatores que influenciou a realização do
Campeonato Mundial de Seleções na cidade de Garibaldi. Do total de 16
campeonatos brasileiros de bocha realizados até o ano 2000, o Rio Grande
do Sul é o Estado com maior número de vitórias (8) seguido de São Paulo
(5) e Santa Catarina (3). O Estado do Rio Grande do Sul foi sede do
Campeonato Mundial de Seleções em 2002, realizado na cidade de Venâncio
Aires. No mesmo ano, foi realizado o Campeonato Mundial de Clubes de
Bocha na cidade de Passo Fundo (RS), com a participação de 12 países.
A Federação Rio-Grandense de Bocha, desde 2001, publica,
quinzenalmente, “O Bolim”, um boletim organizado por Achilles Ampessan
que informa “tudo sobre a bocha” (entrevista com atletas, carnês dos
campeonatos porto-alegrenses, torneios e campeonatos realizados no
Estado e país, dados históricos sobre o Jogo da Bocha e textos sobre
saúde, ambiente, educação, entre outros temas). Em 2002, foi organizada a
Associação de Bocha Chico Mendes, no Parque Chico Mendes em Porto
Alegre.
Situação Atual: Oficialmente, existem no mundo,
quatro modalidades deste jogo, a saber: Zerbin – reconhecido pela
Federation Internacionale de Boules; Punto-Rafa-Vollo –Confederazion
Boccistica Internazionale; Sul-Americana – Confederação Sul- Americana
de Bochas e; Bocha-Rafa – praticada apenas no Brasil. Neste país,
segundo a Confederação Brasileira de Bocha e Bolão, existem 10
Federações filiadas. Somando-se todas as Federações têm-se
aproximadamente 78 ligas e um número estimado de 620 clubes cadastrados
nas Federações. Há ainda informação de um número expressivo de clubes
onde o Jogo da Bocha é praticado, porém sem registros nas Federações. No
Brasil a Bocha é praticada nos estados de Minas Gerais, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Mato Grosso
do Sul tanto na versão comunitária de lazer como na esportiva.
A Federação Rio-Grandense de Bocha é considerada a maior federação de
esporte amador do país em razão do expressivo número de clubes
organizados com sede própria e estatuto (Walques Batista dos Santos,
entrevista em 06/11/2003). Em 2003, os atletas gaúchos, representando a
Confederação Brasileira de Bocha e Bolão, participaram do Campeonato
Mundial de Seleções realizado na Suíça, no qual o Brasil obteve o 3º
lugar entre 20 países participantes. De acordo com Ampessan (2000), as
competições realizadas nos países sul-americanos seguem regulamentos
diferenciados dos países europeus, sendo que esta falta de uniformidade é
um dos fatores que impede a transformação da Bocha em um esporte
olímpico. A Federação Rio-Grandense de Bocha e a Federação Bochófila
Paulista, juntamente com dirigentes da Confederação Brasileira de Bocha e
Bolão estão retomando o debate a respeito da inclusão do esporte da
Bocha nos Jogos Olímpicos.
No mês de janeiro, a Federação Rio-Grandense de Bocha promove os
campeonatos de bocha nas praias. Tradicionalmente, em Capão da Canoa é
realizado o Campeonato Praiano de Bocha e na praia de Rainha do Mar o
Campeonato Praiano de Veteranos (O Bolim, nº 35, 10/12/2003, p. 2). Além
dos clubes, a Bocha é praticada em canchas públicas localizadas,
especialmente nas praças e parques de Porto Alegre. Por exemplo, no
Parque Moinhos de Vento, Parque Marinha do Brasil, Parque Harmonia,
Parque Farroupilha (Redenção), na Vila do IAPI. Nas canchas localizadas
no Parque da Redenção, no local denominado Recanto da Alegria, a
freqüência de jogadores em alguns dias ultrapassa os 150 competidores,
que tem idade superior a 40 anos de idade (Steiger, 1987). A Secretaria
Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME) de Porto Alegre promove,
anualmente, campeonatos de Bocha dirigidos às associações de Bocha que
possuem canchas naturais e canchas sintéticas. O Campeonato de Bocha
realizado em 2003 contou com a participação de nove associações com
canchas naturais, cada uma representada por 24 atletas, totalizando a
participação de 216 atletas.
No campeonato de Bocha em canchas sintéticas participaram 14
associações, totalizando 444 atletas, a saber: Associação dos Moradores
da Vila Elizabete e Parque – AMVEP, com 90 associados (sede na Avenida
21 de Abril, 792 – Sarandi); Associação dos Moradores e Amigos da Vila
Jardim – Vila Jardim, com 50 associados (sede na Avenida Saturnino de
Brito, 1350, Vila Jardim); Associação Jardim Barão do Cahy – Barão do
Cahy, com 70 associados (sede na Rua Ari Barroso, 855); Associação dos
Moradores Passo da Mangueira – AMVIPAM, com 110 associados (sede na Rua
João Luderitz, 285 – Passo D’Areia); Centro Comunitário – COINMA, com 25
associados (sede na Rua República do Peru, 380); Associação dos
Servidores DEMHAB – Departamento Municipal de Habitação, com 18
associados (sede na Rua Conde D’Eu, 1057 – Santana); Sociedade Esportiva
Recanto da Alegria – SOERAL, com 130 associados (sede na Rua José
Bonifácio, s/nº – Parque Redenção); Associação Comunitária dos Moradores
do Bairro Anchieta – ACOMBA, com 30 associados (sede na Avenida Jaime
Vignoli, 85); Associação dos Profissionais em Telecomunicação e
Tecnologia da Informação – ASTTI, com 80 associados (sede no Beco Souza
Costa, 750 – Jardim Ipu); Associação dos Amigos da Praça Franck Long –
Franck Long, com 80 associados (sede na Avenida Grécia, 707 – Passo D’
Areia); Associação de Bocha Marechal Mesquita – Marechal Mesquita, com
45 associados (sede na Rua Carlos Ferreira, 160, Teresópolis);
Associação Esportiva Bochófila Chácara das Pedras na Chácara das Pedras,
com 60 associados (sede na Avenida Teixeira Mendes, 830); Liga de Bocha
– INTERCAP, com 50 associados (sede na Rua Doutor Fernando Ortiz
Schneider); Departamento de Bocha da Praça Piratini – Piratini, com 65
associados (sede na Praça Piratini); Associação Cristo Redentor –
ASSERCRIR, com 60 associados (sede na Rua Sapé, 800) (dados fornecidos
pela SME/PMPA, 2003).
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